Se há alguma estatística que ressalta a natureza transformadora da era da informação, é a velocidade com que quantidades cada vez maiores de dados digitais podem ser compartilhadas.
Desde as primeiras movimentações da internet acadêmica com velocidades de modem de 100 a 300 bits por segundo, nos anos 1970, até a rede 5G atual que pode atingir taxas de dados de 20 gigabytes por segundo, nenhum software como serviço (SaaS), cada vez mais populares, seria possível. Em um país como o Reino Unido, amplamente considerado líder global na indústria de tecnologia de comunicação da informação (ICT) e que abriga Londres, o segundo local mais conectado do mundo da tecnologia depois do Vale do Silício, o SaaS está acelerando o sucesso da adoção em várias indústrias B2B e B2C.
Para os profissionais de arquitetura, engenharia e construção que utilizam equipamentos de digitalização a laser 3D para edifícios, isso significa uma capacidade sem precedentes de compartilhar enormes quantidades de dados de nuvens de pontos em qualquer parte do mundo com as partes interessadas internas e externas dos projetos, e de fazer isso à velocidade da luz em um ambiente econômico e com segurança de dados. Para os não iniciados, SaaS é o termo técnico para uma ramificação de computação em nuvem. A maneira como funciona é simples: as empresas hospedam o software por conta própria ou em um servidor de terceiros (uma fazenda de dados) e concedem a outras empresas acesso a esse software por meio de assinatura, em vez de a empresa cliente ter que comprar o software real e carregá-lo em sua própria rede de dados ou em computadores de funcionários individuais. Algumas das soluções SaaS mais conhecidas são: Salesforce, Amazon Web Services, Dropbox, Box e Netflix.
"Se analisarmos a Autodesk, que é a principal empresa de produtos de modelagem de informações para construção, dona do Revit e do AutoCAD, suas ferramentas de design estão disponíveis por assinatura, mas não na nuvem", explicou Vito Marone, Diretor Sênior de Marketing de Produtos de Software da FARO® Technologies, Inc. "Portanto, a jornada da passagem para a nuvem ainda está no início. Contudo, serviços adjacentes, como o BIM 360 e outros, têm sido fornecidos como SaaS."
SaaS: do mainframe ao mainstream
Embora o SaaS, como termo no mainstream, tenha ganhado espaço apenas nas últimas décadas, é um conceito que remonta aos anos 1960, quando empresas como a IBM estavam construindo os primeiros computadores mainframe. Na época, o custo do armazenamento de dados era tão alto – mesmo em 1981, o custo de um gigabyte de armazenamento de dados era de cerca de US$ 500.000 – que estava fora do alcance das empresas explorarem esse novo poder de computação. Por outro lado, a IBM vendia acesso limitado a essas máquinas em um sistema conhecido como "time sharing" (compartilhamento por prazo definido). Em comparação com a compra direta de computadores, foi um enorme salto na eficiência de custos e permitiu aos bancos e agências governamentais a capacidade de processar grandes conjuntos de dados. O compartilhamento inicial dos recursos digitais havia começado.
Com o SaaS moderno, as mesmas regras se aplicam. Em vez de uma empresa ter que comprar software físico, ou às vezes várias cópias deste, e se preocupar com atualizações de versão, problemas contínuos de compatibilidade, necessidades internas de segurança de dados, bem como soluções de problemas de TI relacionados, todos esses obstáculos são terceirizados para o fornecedor do SaaS por um determinado custo. Para profissionais de arquitetura, engenharia e construção, gerentes de VDC, gerentes de BIM, engenheiros de estruturas, engenheiros de mecânica, elétrica e hidráulica, engenheiros de instalações e similares, o SaaS permite a transferência sem fio de enormes quantidades de dados adquiridos por laser scanners compartilhados pela nuvem em alta velocidade, bem como a capacidade de monitorar o progresso de um determinado projeto a milhares de quilômetros de distância sem a necessidade de visitar o local físico e sem custos associados de deslocamento, hospedagem e saúde e segurança.
Os benefícios adicionais de uma assinatura de software são dobrados e incluem vantagens tanto para a empresa que oferece o SaaS quanto para seus destinatários, continuou Marone. Para o destinatário do SaaS, essas vantagens incluem: flexibilidade no uso do software, compatibilidade do sistema, fluxos de trabalho aprimorados e até mesmo um novo potencial de fluxo de trabalho. A flexibilidade é um ativo especialmente notável, pois os modelos de assinatura podem ser adaptados ao uso específico do SaaS (por exemplo, o cliente é cobrado apenas pelo uso do software, não por ter acesso, por exemplo, a uma assinatura mensal ou anual) ou até mesmo a funcionários específicos. Ao adotar o que Marone chama de abordagem mais "modular", o SaaS elimina o paradigma de "produto único para todas as necessidades", que tende a inchar os orçamentos corporativos e a consumir lucros.
"Os riscos para o usuário são poucos, pois o fornecedor quer garantir pagamentos futuros e a satisfação do cliente é fundamental", acrescentou Udo Haedicke, Gerente de Produtos de Software da FARO. "Com o modelo de SaaS, a venda não é o ponto final, mas o começo. A partir desse momento, o fornecedor precisa fornecer valor continuamente ao cliente com seu serviço, garantindo novas funcionalidades enquanto dá suporte aos fluxos de trabalho dos clientes associados ao seu ecossistema de outras soluções de software".
"Em última análise, o SaaS influencia a forma como o software é desenvolvido, à medida que o controle de qualidade se torna cada vez mais importante", continua Haedicke. Se o cliente não enxergar mais o valor, simplesmente deixará de usar o software, sabendo que não houve um custo de investimento inicial oneroso. Desvinculado de uma única compra física, o usuário pode investigar outras soluções que melhor atendam às suas necessidades. Tudo isso é altamente democrático.
Para os fornecedores de SaaS, os benefícios são:
- Receita mais previsível – os pagamentos mensais ou anuais recorrentes são mais fáceis de orçar e planejar, permitindo atualizações trimestrais mais precisas
- Período de oportunidade mais curto – ao vender soluções para empresas, o departamento que procura a solução tem um orçamento anual para pesquisa de novos produtos. Como uma licença de assinatura é mais barata que uma perpétua, o departamento pode comprar a solução diretamente – muitas vezes sem a necessidade de e-mails de acompanhamento, ligações e visitas de clientes pelo fornecedor
- Menor esforço de renovação – não há necessidade de vender ao cliente um software físico ou de orientá-lo sobre os novos requisitos do sistema de instalação interna
- Melhores percepções do mercado – ter feedback do cliente em tempo real com assinaturas recorrentes significa tempo de lançamento no mercado mais rápido para as últimas melhorias, correções de erros e ajustes
- Melhoria do relacionamento com os clientes – as forças do mercado exigem produtos melhores e tempos de resposta mais rápidos
Dinheiro e bom senso
Para os profissionais do setor de arquitetura, engenharia e construção e outros que sentem apreensão para selecionar um fornecedor de SaaS, essa relutância muitas vezes decorre de preocupações relacionadas ao custo. Afinal, a compra única de um produto de software específico não é mais barata do que pagar por uma assinatura perpétua? Do ponto de vista do custo, a resposta muitas vezes é “sim”, afirma Marone. Mas tal afirmação abrangente ignora a nuance dos verdadeiros gastos e o valor do serviço prestado.
Em escalas de tempo mais amplas, o que logo fica claro é que ocorre um aumento gradual da economia do SaaS. Com uma assinatura de SaaS, não há necessidade de investir em uma estrutura de TI cara. Também não há necessidade de ter armazenamento de dados no local ou uma empresa de terceiros. Tudo isso está incluído na assinatura. Além disso, as atualizações de software em tempo real também fazem parte do pacote. E embora cada contrato de prestação de serviços (SLA) seja diferente, é justo esperar que, no sentido mais amplo, estes benefícios sejam padrão.
Por último, o SaaS não só economiza dinheiro a longo prazo, como também economiza tempo; um recurso finito que pode ser melhor utilizado na aquisição de novos negócios e em outros empreendimentos geradores de lucro. É esse efeito multiplicador que muitas vezes as empresas que estão em cima do muro ignoram.
Da perspectiva de Marone, a escolha é clara. Para os profissionais de AEC, o momento de investir em um serviço SaaS para suas necessidades comerciais é agora. Em 2019, a receita do SaaS empresarial ultrapassou US$ 100 bilhões com uma taxa média de crescimento anual de 30 por cento e com o modelo de preços "pague conforme o uso" ganhando popularidade. Considerando que uma pesquisa da Finances Online descobriu que 86% das organizações disseram que esperam que pelo menos 80% de seu software precise ser atendido pelo SaaS depois de 2022, é vital que a indústria de AEC (e suas indústrias relacionadas) não fique para trás. Em qualquer projeto que envolva captura e modelagem as-built, seja seu gerenciamento de instalações, preservação histórica, melhorias de edifícios, mecânica, elétrica e hidráulica comerciais, a colaboração é realmente fundamental. E em uma indústria que depende tanto da informação, seja um desenho BIM ou uma nuvem de pontos 3D, compartilhar esses dados na nuvem nunca foi tão importante.
Se o passado é um começo, uma coisa é certa. A velocidade das taxas de dados continuará a aumentar e o preço por armazenamento de dados continuará a cair. Embora seja verdade que o mundo da computação está se aproximando rapidamente dos limites da Lei de Moore (possivelmente já em 2022-2025), é provável que novas inovações computacionais impulsionem a adoção do SaaS de maneiras novas e estimulantes.
A era da informação ainda não acabou. E o SaaS para arquitetura, engenharia e construção está apenas começando a decolar.
"Embora ainda enfrentemos algumas hesitações dentro de certos setores, também vemos que alguns mercados estão mais abertos a esse modelo do que outros", afirma Haedicke. "Especialmente quando as pessoas começam um novo negócio, claramente preferem investimentos iniciais baixos e custos planejáveis. E, quando se pensa nisso, já usamos soluções como Netflix ou Spotify todos os dias e estamos cada vez mais adaptados a este modelo em nossa vida privada. Então, por que hesitar em adotar o SaaS para os negócios?"